terça-feira, 14 de julho de 2009

América, América

No prefácio deste livro, da autoria do próprio John Cheever, o autor afirma que “estes contos são por vezes a história de um mundo há muito desaparecido, quando a cidade de Nova Iorque era ainda inundada pela luz do rio, quando se ouvia Benny Goodman no rádio da papelaria da esquina e quando quase toda a gente usava chapéu”.

E são mesmo essas memórias que Cheever nos relata, sobre uma América dos anos 30 e 40, feita de subúrbios, vidas cruzadas, invejas, puritanismos, amores, desamores e pessoas (des)engraçadas.

Shady Hills, na Florida, é um dos palcos eleitos pelo autor mas estes “Contos Completos” percorrem todo um país jovem mas consciente das suas grandezas e fraquezas.

Confesso que gostei mais de uns contos do que de outros mas aconselho vivamente a escrita de Cheever, uma das grandes referências literárias do século passado.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

A "Shoah" existiu!

A negação do holocausto e de alguns crimes contra a humanidade não podem ser encarados de animo leve.

A intenção de extermínio judeu por parte da máquina Nazi, durante a IIGrande Guerra, levada a cabo em alguns campos de concentração, enquadrada na chamada "Solução Final", é um dos episódios mais negros da história. Não são muitos os relatos dos sobreviventes ao Holocausto Nazi.

Sholmo Venezia, oriundo da comunidade judaica italiana de Salonica, Grécia, faz em "Sonderkommando" um relato único de um judeu que foi forçado a trabalhar nas câmaras de gás, onde o extermínio de judeus era uma terrível realidade.

Os "Sonderkommandos", ou "tropas especiais", encarregados pelas SS, tinham a responsabilidade de efectuar o trabalho sujo depois do gaseamento em massa de prisioneiros judeus deportados, retirando os corpos das câmaras e cremando-os de seguida.

Esquecer é impossível e Venezia teve a coragem de contar um pouco de seu Inferno, sem aspas, que faz um apelo à reflexão a que o leitor não fica indiferente. A coragem e a dor de Sholmo Venezia sentem-se a cada letra, palavra, linha, parágrafo. A vida prossegue mas o pesadelo fica para sempre, tatuado na mente... e no antebraço esquerdo.

sábado, 20 de junho de 2009

Zé Português, Beirão da Alemanha

Quem conhece um pouco da história de Portugal durante o Estado Novo e tem conhecimento das artimanhas de Salazar para manter o país de “bem com o mundo”, lembra, concerteza, o tráfico de volfrâmio.

E é sobre este minério que a trama de “O Último acto em Lisboa”, de Robert Wilson, se desenrola. Wilson, que vive no alentejo há alguns anos, revela nesta obra todo o conhecimento que tem de Portugal e da sua história.

Este livro relata-nos duas histórias paralelas, apesar de vividas em tempos diferentes. Em 1941, Klaus Felsen, proprietário de uma fábrica de Berlim, vê-se obrigado a alistar-se nas SS e tem como missão conseguir o maior número de volfrâmio possível para o Fuher; No final dos anos 1990, Zé Coelho, inspector da PJ, investiga o assasinato de uma adolescente em Lisboa.

Ao longo do livro, percebe-se o encandeamento destas duas histórias e a forma absolutamente brilhante com que Wilson nos revela paradigmas, vidas e acasos, deixa-nos verdadeiramente envolvidos numa obra que não apetece largar e que revela um pouco das fraquezas, mistérios e opções de homens simples e/ou perversos.

Acabei de ler “O último acto em Lisboa” há minutos e quero, tenho(!), de ler mais Robert Wilson. Vou a correr à livraria e já volto...

PS. Uma palavra para a capa do livro, nesta edição D. Quixote. Das piores que me lembro. Cruzes, canhoto...

Do Frio Para o Gelo

Ler um dos livros mais importantes da história do romance policial é uma tarefa que acarreta alguns condicionalismos.

Apesar de conhecer a obra de John Le Carré nunca tinha lido nenhum dos seus livros. Como amante confesso do género policial, decidi que O Espião que Saiu do Frio seria uma boa aposta.

Vencedor do Dagger of Daggers, da Crime Writers Association, para o melhor romance policial dos últimos cinquenta anos, este livro é absolutamente assombroso e a história ambígua do agente britânico Alec Leamas é de uma intensidade tal que nos é impossível não devorar as páginas deste livro.

Tido como mestre do policial, Le Carré mudou as regras do jogo ao escrever esta estória de espiões, contra-espionagem, agentes duplos, dogmas, interesses e muito, muito frio.

Alec Leamas, envolve-se numa trama internaional que tem por objectivo anular interesses contraditórios onde os escrúpulos são esquecidos. Na esperança de ser a sua última missão, Leamas ensaia a sua queda, abraça o descrédito e enfrenta o mundo. O objectivo é sair do frio. Mas será que existe alguma coisa para lá disso?

Este livro foi adaptado ao cinema, em 1965, num filme muito premiado de Martin Ritt, com Richard Burton e Claire Bloom nos principais papéis e vai ser esse o meu próximo passo no planeta Le Carré, ver as palavras transformadas em imagem.

E façam o favor de ler este livro. Uma obra-prima!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

O Travo Amargo da Loucura

Roseanne Clear. William Grene. Duas vidas, tragédia, dor, sofrimento, maldade, amor, muito amor, ingenuidade.

“Escritos Secretos” do irlandês Sebastian Barry é um livro apaixonado, apaixonante e essencialmente muito, mas muito bem escrito.

A história gira em torno de Roseanne Celar, ou dizer dizer McNulty, uma mulher quase centenária que se encontra no hospital de saúde mental de Roscommon. O psiquiatra encarregado de avaliar os pacientes, Dr. Grene, investiga a intrigante história de vida daquela mulher que parece só no mundo, sem passado, presente e futuro.

O desvendar da traumática existência de Roseanne torna-se no ponto de partida de uma viagem que Grene, também ele em fase de perda, não sabe o destino e que se pode revelar devastador mas inevitável.

A escrita primorosa de Barry, relata a crescente “intimidade” entre médico e paciente num ping-pong de escritos, segredos e...surpresas.

A mente humana, a perda e a consequente loucura, induzida ou não, tornam este romance numa pérola tão bela como perturbadora.

A vida, no fundo, é como uma rosa, bela mas cheia de espinhos. Boa Leitura!

terça-feira, 21 de abril de 2009

Vitamina B(ellini)

Confesso que não conhecia a veia escritora de Tony Bellotto. Marido de Malu Mader e guitarrista da banda rock “Titãns”, Bellotto escreveu já três romances policiais (“Um Caso de Espíritos”, “Bellini e a Esfinge” e este “Um caso com o Demónio”) com o detective Remo Bellini como principal protagonista.

Esta edição da Quetzal dá-nos a oportunidade de conhecer um autor que aposta numa trama bastante eficiente e cativante. Apenas a escrita em português do Brasil se estranha de início mas depois se entranha e ficamos com a certeza da dinâmica da nossa língua materna ao serviço do "país irmão".

Em “Um caso com o Demónio”, Bellini, amante de Blues, cerveja, (ou devo dizer chope?) e comida italiana, investiga dois casos sem relação. O espectro de um manuscrito perdido do escritor Dashiell Hammett, nunca editado, e um assassinato de uma menina de 17 anos num colégio de classe média.

São Paulo e Rio de Janeiro juntam as mãos numa aventura que leva Bellini e comparsas a embrenharem-se num jogo de sedução criminosa que nos prende da primeira à última página.

Fã incondicional de Padura, Doyle e mestres do romanceio policial, fiquei bastante impressionado com este livro que se devora como se fosse um refrescante e vitaminado gelado numa tarde quente de verão.

Bellinni, Brasil, Bellotto e Blues. Bestial, não?

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Terra Pequena, Inferno Grande

A morte, o suicido, a perda, o isolamento não são nem nunca serão temas de fácil trato. A dor, ainda que esquecida ou ignorada é ferida que tarda a sarar. Por vezes fica. E mata.

No final dos anos 1990, na pequena povoação de Las Heras, Patagónia, a sul da Argentina, uma série de suicídios retirou a pacatez a um local ensombrado pelo vento constante e o esquecimento de Buenos Aires.

Apenas o petróleo fazia Las Heras viver, ter movimento, ser um ponto no mapa. A economia cresceu e a invasão migrante foi algo por demais evidente sem nunca existir um enraizamento social e cultural. Mas o declínio da exploração do chamado ouro negro trouxe mais esquecimento, incerteza, isolamento, dor, morte.

Intrigada com a pouca, ou nenhuma, atenção que a onda de suicídios teve por parte dos media, e de todos, Leila Guerreiro, jornalista do diário La Nación, rumou a Las Heras para falar com familiares, amigos, amantes dos mortos que, em média, tinham uma idade que rondava os 25 anos, e reconstituiu os acontecimentos trágicos.

Falou-se numa seita, em rituais satânicos, numa lista com os nomes das “vitimas” mas nunca ninguém confirmou nada nem sequer se elaborou uma listagem oficial com os falecidos.
O mistério ficou. Para sempre.

Desta investigação resulta um relato cru, intenso, real, carregado de dor, mas que é um retrato preciso e precioso de um pueblo que vive um quotidiano amorfo, sem futuro onde nada existe e para onde não se sabe se caminha. “Os Suicidas do Fim do Mundo” é como uma seta apontada a um alvo (in)definido.

As pessoas de Las Heras vivem das lembranças, do passado, do ente querido. Ao longo das páginas deste interessante livro, que chega a parecer “romanceado”, chegamos a encarar a dor como uma penitência com alguns, mas poucos, “culpados”.

A nós, chega-nos este excelente relato em forma de livro. A ler, definitivamente.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Autobiografia de um indiano Mal-amanhado

Luz e Escuridão. Eis a índia revelada por Aravind Adiga em “O Tigre Branco”, vencedor do Man Booker Prize de 2008, uma obra que utiliza o sarcasmo para fazer o retrato cru de um país real, pobre, corrupto, mal-amanhado. Adiga esquece o politicamente correcto e conta a história de um self-made man indiano que, farto do destino que a sua casta se reservou, se torna num empresário de sucesso à custa de alguma “habilidade” e coragem que só um contexto económico como se vive na índia permite. Não existe saneamento básico nem condições de vida decentes para mais de 90 por cento da população mas o auto-didactismo empresarial revela-se a cada esquina.

Balram Halwai, ou Munna, da casta dos “fabricantes de doces”, ao saber da visita do primeiro ministro chinês à Índia decide contar a este a história da sua vida, ao enviar-lhe uma longa carta. Ao longo da narrativa, Balram confessa um misto de repúdio e consentimento pela sociedade indiana que ainda não se libertou do velho sistema de castas que divide o pais em muito ricos, e corruptos, e muito pobres, eternamente esquecidos, submissos e sujos. Sim, por a Índia de Adiga é suja, muito escura, envolta numa elipse de miséria e corrupção. De fora fica qualquer ponta de nostalgia e lirismo. Os pobres serão sempre pobres, as eleições são ganhas na “secretaria” e os impostos são para evitar, por quem pode. Uma vez criado, sempre criado. Mas, por vezes, alguém que se julga submisso, igual aos demais, pode ser um “Tigre Branco”, alguém especial, diferente.

É assim que Balram se sente depois de uma elogio que recebeu ainda em tenra idade, quando ainda frequentava a escola. O estigma manteve-se durante a sua vida até ao dia que sente que pode mudar de vida. A obediência atinge o limite transforma-se em decisão. O Tigre Branco quer sair do Galinheiro, de Deli. E Sai. Ruma a Bangalore e torna-se num empresário de sucesso, com computadores portáteis, Suv’s, visitas a hóteis de cinco estrelas mas sem telemóvel, por favor, que essa máquina já destruiu o homem branco.

“O Tigre Branco” é, sem dúvida, um livro a não perder que utiliza uma linguagem simples, directa, sarcástica e apaixonante. Devemos agradecer a Shiva, Brahama ou Adiga?

Ainda e Sempre o Holocausto

Foi um dos livros mais badalados pela imprensa espanhola no ano de 2007 e chegou mesmo a ganhar o Prémio Nacional da Crítica e foi finalista do Prémio Salambó. “A Ofensa”, de Ricardo Menéndez Salmón, editado pela Porto Editora, é um dos melhores livros que li recentemente e apenas peca pelas poucas páginas que relatam a história de um pacato alfaiate alemão de Bielefeld, amante de música clássica.

Este romance retrata os dramas psicológicos que qualquer conflito bélico pode gerar, sem piedade ou segundas oportunidades, num vórtice de dor e angustia. A intervenção Nazi na segunda Guerra Mundial deixou marcas que nenhuma negação ao Holocausto, ao Mal, poderá apagar.

O personagem principal da trama, o alfaiate Kurt Cruwell, ao assistir a um episódio durante a ocupação germânica em França, nega, subconscientemente, os sentidos e todo o que daí provém. Torna-se um autómato mas, aos poucos volta a descobrir o doce sabor das sensações depois de uma recuperação psiquiátrica e da companhia de uma enfermeira muito especial, mais tarde sua companheira.

Mas, quando menos se espera, os pesadelos regressam e não conseguimos fugir deles mesmo que saibamos que serão a nossa ruína, a nossa morte.

A prosa de Ricardo Menéndez Salmón revela pormenores deliciosos e faz-nos ler este livro num par de horas. Sem recorrer a diálogos (apenas o faz por duas vezes ao longo de todo o livro), Salmón consegue enfeitiçar o leitor de tal forma que não apetece terminar o livro. Mas como nada dura para sempre, o livro acaba mas nós continuamos a pensar nele. O corpo é, de facto, a fronteira entre cada um de nós e o Mundo. Absolutamente a não perder.

sexta-feira, 20 de março de 2009

A Arte de Escrever um Livro

Espanha viveu momentos bastante delicados durante e depois da guerra civil. O país estava semi-destruído e a dor, a miséria e o desespero sentiam-se num ar pérfido, respirável a muito custo.

É neste contexto histórico e social que Ignacio del Valle nos relata a estória do desaparecimento de um quadro, da autoria de um pintor italiano anónimo, conhecido por "A Arte de Matar Dragões", aquendo da transferência do espólio do Museu do Prado para o estrangeiro por ordem dos responsáveis republicanos.

Arturo, dono de um espírito de cavalaria medieval, é destacado pelo governo para a difícil missão de tentar resgatar a tela desaparecida e envolve-se numa misteriosa, complexa e perigosa rede de acontecimentos e conspirações. Pelo meio, o (anti)herói é assaltado por uma paixão impossível e descobre o calor da amizade e a frieza da mentira e da traição.

Depois de "O Tempo dos Imperadores Estranhos", a Porto Editora oferece mais um livro do espanhol del Valle que nos volta a brindar com um romance cuja escrita eficaz nos prende do início ao fim. Galardoado com o prémio Felipe Trigo de Novela, "A Arte de Matar Dragões" revela-se uma aposta segura para quem gosta de um bom romance policial.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Mão Maldoror Morta


Os Mão Morta sempre foram uma excepção no panorama musical e, por que não dizê-lo cultural, em Portugal. Saídos da obscuridadena cidade dos arcebispos em plenos anos 1980, o grupo de AdolfoLuxúria Canibal e comparsas marcou toda a carreira alicerçada numa componente visual vincada. Os espectáculos ao vivo sãoo expoente dessa arte cénica.

Depois de muito bem sucedido e conseguido “Müller no Hotel Hessischer Hof”, de 1997, os guerreiros de Braga voltam à carga com “Maldoror”, em dvd, depois da edição dupla em disco. Esta gravação remete-nos para o espectáculo que os Mão Morta apresentaram no Theatro Circo de Braga, nos dias 11 e 12 de Maio de 2007. O espectáculo é baseado no livro "Os Cantos de Maldoror", obra escrita em finais do Séc. XIX por Isidore Ducasse, sob o pseudónimo de Conde de Lautréamont. A música original de “Maldoror” é da autoria de Miguel Pedro, excepto “O Herói (pt. 2)” da autoria de António Rafael e “O Sonho”, original de Vasco Vaz.

A encenação é de António Durães, a cenografia de Pedro Tudela, os figurinos de Cláudia Ribeiro, a videoplastia de Nuno Tudela e o desenho de luz de Manuel Antunes. A não perder, à imagem do que a banda já nos ofereceu.

segunda-feira, 9 de março de 2009

A Dura Arte de Crescer


A ideia deste projecto surgiu quando o director do jornal El Pais encomendou a Juan José Millás uma reportagem a sobre si mesmo. A proposta evoluiu e chega-nos agora "O Mundo", livro auto-biográfico que nos envolve e faz sonhar com uma infância, eterna, que é parte de todos nós e que traz a reboque as cicatrizes de uma vida interia.

Os temas são muitos. Um amigo doente, o primeiro (des)amor, o pai e a mãe, a morte, a existência, por vezes doce, outras amarga. Todo o argumento serve para invadirmos, e sermos invadidos, por um secreto universo que nos parece familiar, perto, nosso.

A escrita de Millás entranha-se de uma forma viciante e as 174 páginas do livro recentemente editado plea Planeta, revelam "um doce atropelo em forma de romance". Afinal a nossa rua de sempre pode ser o Mundo. 

sábado, 7 de março de 2009

Dark Was The Night


A Red Hot é uma das mais conhecidas organizações que têm como objectivo relembrar e, acima de tudo, consciencializar, o mundo para o flagelo que é o vírus da Sida. A arte aliada à expressão cultural é a forma escolhida para fazer chegar esse alerta a todos nós.

No ano em a Red Hot que apaga as vinte velas, surge este Dark Was The Night em dois formas: Cd Duplo, ou triplo LP. Na génese do projecto estão os gémos Dessner, baixista e guitarrista dos The National.

Dark Was The Night reune nomes consagrados da música dita alternativa e ao longo dos discos as pérolas surgem de forma natural e, podemos dizer, esperada.

Juntar Arcade Fire, Beirut, Antony, Cat Power, The National, Andrew Bird, Bon Iver, Conor Oberst, Yo La Tengo, Feist, Sharon Jones, David Byrne com os Dirty Projectors, Spoon, Stuart Murdoch, The Books, com José González, Rice Boy Sleeps (aposta do vocalista dos Sigur Rós),David Sitek dos TV on the Radio e Kronos Quartet só pode dar excelentes resultados.

Para credibilizar ainda mais este projecto, junta-se-lhe o selo da lendária 4AD. Em Portugal, contamos também com o apoio da Radar. Sem dúvida, uma das melhores supresas do ano até à data.