sexta-feira, 27 de março de 2009

Ainda e Sempre o Holocausto

Foi um dos livros mais badalados pela imprensa espanhola no ano de 2007 e chegou mesmo a ganhar o Prémio Nacional da Crítica e foi finalista do Prémio Salambó. “A Ofensa”, de Ricardo Menéndez Salmón, editado pela Porto Editora, é um dos melhores livros que li recentemente e apenas peca pelas poucas páginas que relatam a história de um pacato alfaiate alemão de Bielefeld, amante de música clássica.

Este romance retrata os dramas psicológicos que qualquer conflito bélico pode gerar, sem piedade ou segundas oportunidades, num vórtice de dor e angustia. A intervenção Nazi na segunda Guerra Mundial deixou marcas que nenhuma negação ao Holocausto, ao Mal, poderá apagar.

O personagem principal da trama, o alfaiate Kurt Cruwell, ao assistir a um episódio durante a ocupação germânica em França, nega, subconscientemente, os sentidos e todo o que daí provém. Torna-se um autómato mas, aos poucos volta a descobrir o doce sabor das sensações depois de uma recuperação psiquiátrica e da companhia de uma enfermeira muito especial, mais tarde sua companheira.

Mas, quando menos se espera, os pesadelos regressam e não conseguimos fugir deles mesmo que saibamos que serão a nossa ruína, a nossa morte.

A prosa de Ricardo Menéndez Salmón revela pormenores deliciosos e faz-nos ler este livro num par de horas. Sem recorrer a diálogos (apenas o faz por duas vezes ao longo de todo o livro), Salmón consegue enfeitiçar o leitor de tal forma que não apetece terminar o livro. Mas como nada dura para sempre, o livro acaba mas nós continuamos a pensar nele. O corpo é, de facto, a fronteira entre cada um de nós e o Mundo. Absolutamente a não perder.

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